Noite de sábado. A chuva parou e ela entra no carro para ir a uma balada na cidade de São Paulo.
Na chegada, o frio faz a recepção calorosa.
Paga o estacionamento.
No passeio, de madrugada, pelas ruas da cidade vê-se em uma mesma avenida mendigos dormindo nas calçadas, playboys que desfilam com os seus carros importados e botecos cheios.
Entra e logo senta. Local escuro, abafado. Sente-se incomodada e pede uma smirnoff ice. Não está lá. É novamente, pela segunda vez no dia, uma estranha no ninho. As portas fechadas. O lugar, as pessoas, a cor, a luz, as músicas e o cheiro a incomodavam muito. Pura percepção, sensação de não-pertencimento naquele espaço-tempo. Prende a respiração, mais uma vez, arruma a alça do sutiã e permanece ali aBalada. No buraco, vêem-se corpos que se mexem sem saber o porquê, bebidas no último gole, até quando não puderem mais equilibrar o próprio corpo. Olha-se e não é para ela. Incomodada. Sobe, senta e vê casais se esfregando no sofá. Enjoa e desce. Lá fora, compra uma água e vai tomar um ar fresco. O segurança não pára de olhar para as suas coxas. Que droga! Não deveria ter saído com este vestido. Queria não ser notada, mas não tem como. Sai dali e senta-se ao lado de uma mulher. A música, quase psicodélica, acompanha-a na madrugada e a luz pisca alucinadamente. Fecha os olhos e por alguns instantes nada vê ou escuta e pensa que está tudo bem. aBalada continua. De repente, três moças chegam na mesa. O clima muda. Não percebe nada. Perguntam o seu nome e ela apenas responde. Silêncio. Respira fundo e mentaliza: "vamos embora". Não agüenta mais. Muda de mesa. Uma garota bêbada soluça e bebe o seu uísque agora pelo lado contrário do copo. O soluço vai embora. O uísque, não, é seu companheiro na noite. Levanta a perna e mostra o seu sapato. "10 cm de altura?", pergunto. "Não, 12 cm. Os meus dedinhos estão espremidos", responde rindo. Outra pergunta preenche o vazio da noite "Vocês também trabalham no Mc Donald's?". As duas se olham e respondem em coro "Não". "Tô solteiro, viu?". A do uísque conta como conheceu Gilson pela primeira vez, há 13 anos atrás. "Uma amizade de 13 anos, viu?". Cala a boca. E escuta mais umas cinco vezes a mesma frase "Tô solteiro". E daí?
Lá dentro. Ninguém escuta ninguém. É cada um no seu quadrado. O barulho está deixando-a surda e tonta. Tampa os ouvidos. Idiota. Não dá mais. Vai embora, para nunca mais voltar!? aBalada.
Na chegada, o frio faz a recepção calorosa.
Paga o estacionamento.
No passeio, de madrugada, pelas ruas da cidade vê-se em uma mesma avenida mendigos dormindo nas calçadas, playboys que desfilam com os seus carros importados e botecos cheios.
Entra e logo senta. Local escuro, abafado. Sente-se incomodada e pede uma smirnoff ice. Não está lá. É novamente, pela segunda vez no dia, uma estranha no ninho. As portas fechadas. O lugar, as pessoas, a cor, a luz, as músicas e o cheiro a incomodavam muito. Pura percepção, sensação de não-pertencimento naquele espaço-tempo. Prende a respiração, mais uma vez, arruma a alça do sutiã e permanece ali aBalada. No buraco, vêem-se corpos que se mexem sem saber o porquê, bebidas no último gole, até quando não puderem mais equilibrar o próprio corpo. Olha-se e não é para ela. Incomodada. Sobe, senta e vê casais se esfregando no sofá. Enjoa e desce. Lá fora, compra uma água e vai tomar um ar fresco. O segurança não pára de olhar para as suas coxas. Que droga! Não deveria ter saído com este vestido. Queria não ser notada, mas não tem como. Sai dali e senta-se ao lado de uma mulher. A música, quase psicodélica, acompanha-a na madrugada e a luz pisca alucinadamente. Fecha os olhos e por alguns instantes nada vê ou escuta e pensa que está tudo bem. aBalada continua. De repente, três moças chegam na mesa. O clima muda. Não percebe nada. Perguntam o seu nome e ela apenas responde. Silêncio. Respira fundo e mentaliza: "vamos embora". Não agüenta mais. Muda de mesa. Uma garota bêbada soluça e bebe o seu uísque agora pelo lado contrário do copo. O soluço vai embora. O uísque, não, é seu companheiro na noite. Levanta a perna e mostra o seu sapato. "10 cm de altura?", pergunto. "Não, 12 cm. Os meus dedinhos estão espremidos", responde rindo. Outra pergunta preenche o vazio da noite "Vocês também trabalham no Mc Donald's?". As duas se olham e respondem em coro "Não". "Tô solteiro, viu?". A do uísque conta como conheceu Gilson pela primeira vez, há 13 anos atrás. "Uma amizade de 13 anos, viu?". Cala a boca. E escuta mais umas cinco vezes a mesma frase "Tô solteiro". E daí?
Lá dentro. Ninguém escuta ninguém. É cada um no seu quadrado. O barulho está deixando-a surda e tonta. Tampa os ouvidos. Idiota. Não dá mais. Vai embora, para nunca mais voltar!? aBalada.